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Com o costumeiro ar de quem resolve todos os males do planeta, o governo Lula anunciou, em 8 de julho de 2025, a ampliação do Fundo Amazônia para financiar ações de combate a incêndios nos biomas Cerrado e Pantanal. A decisão, aprovada por unanimidade pelo Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA), prevê até R$ 150 milhões para equipar Corpos de Bombeiros e brigadas florestais em seis estados – Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Piauí e Distrito Federal. Sob a batuta do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e gerido pelo BNDES, o projeto soa como um esforço hercúleo para apagar as chamas da crise climática. Mas, como sempre, as promessas de Lula vêm com um asterisco: será que o dinheiro vai mesmo chegar onde precisa, ou é só mais um espetáculo para inglês ver?
A proposta, apresentada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), foi construída com pomposa articulação interministerial, envolvendo Casa Civil, Ministério da Integração e até a Força Nacional. Os recursos, que incluem aquisição de equipamentos, máquinas e veículos, visam reforçar o combate a incêndios e queimadas ilegais, que devastaram os biomas em 2024 e prometem piorar em 2025, segundo projeções. João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA, não economizou no discurso: “Apoiar Cerrado e Pantanal é também proteger a Amazônia”, afirmou, como se tivesse descoberto a fórmula mágica para a crise ambiental. A realidade, porém, é menos poética: o fogo, usado como ferramenta barata de desmatamento criminoso, continua desafiando a retórica governamental.
O Fundo Amazônia, criado em 2008 para salvar a floresta amazônica, agora estica seus tentáculos para outros biomas, amparado pelo Decreto nº 6.527/2008, que permite destinar até 20% dos recursos a áreas como Cerrado e Pantanal. Desde sua reativação em 2023 – após anos de paralisia sob gestões anteriores –, o fundo já destinou R$ 405 milhões para combate a incêndios na Amazônia Legal, com R$ 370 milhões contratados. Agora, a nova iniciativa quer fortalecer a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo (PNMIF), sancionada por Lula com ares de grande conquista, mas que, na prática, ainda patina na implementação.
Tereza Campello, diretora socioambiental do BNDES, reforçou a urgência de equipar os bombeiros para enfrentar incêndios florestais, destacando que Cerrado e Pantanal formam um “cinturão” de proteção à Amazônia. Manoel Carlos de Almeida Neto, do MJSP, completou o coro, citando parcerias com a Polícia Federal e Rodoviária para patrulhar áreas críticas. Tudo soa muito bem no papel, mas o governo Lula tem um histórico de promessas ambientais que esbarram em execução caótica e falta de transparência. Com R$ 5,6 bilhões aprovados para 133 projetos desde 2009, o Fundo Amazônia é um gigante financeiro, mas os resultados reais – especialmente fora da Amazônia – ainda deixam a desejar.
Enquanto o governo se gaba de sua “resposta estruturada” à crise climática, o brasileiro assiste, entre o cansaço e a desconfiança, a mais um plano grandioso. Combater incêndios é urgente, mas sem fiscalização rigorosa, logística eficiente e punição aos criminosos do desmatamento, o Alimento no Prato e agora o Fundo Amazônia correm o risco de virar apenas mais um capítulo na saga de um governo que adora acender esperanças, mas raramente apaga o fogo de verdade.