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Mais Médicos Chega a Mato Grosso, Lula Aplaude, Mas Paciente Espera
Com um alarde que parece saído de um comício, o governo Lula anunciou nesta segunda-feira, 7 de julho de 2025, a chegada de 89 novos profissionais do Programa Mais Médicos em Mato Grosso, prometendo reforçar o atendimento em áreas vulneráveis e territórios indígenas. Dos novos médicos, nove vão para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) – seis no Araguaia e três em Cuiabá –, enquanto os demais se juntam às equipes de Saúde da Família. A iniciativa, parte de uma etapa que alocou 3.173 médicos em 1.618 municípios e 26 DSEIs, é vendida como solução para reduzir filas no SUS. Mas, com um histórico de promessas ambiciosas que raramente se concretizam, será que o governo petista entrega mais do que discurso?
A seleção, que atraiu mais de 45 mil inscritos, prioriza regiões com baixa densidade médica, segundo o Demografia Médica 2025, elaborado pelo Ministério da Saúde, USP e Associação Médica Brasileira. Dos médicos, os formados no Brasil já começaram a atuar desde 2 de julho, enquanto os formados no exterior passam por um Módulo de Acolhimento e Avaliação a partir de 4 de agosto. O programa, que cobre 94% do território nacional com 24,7 mil médicos, mira atingir 28 mil, atendendo 63 milhões de brasileiros. O secretário Felipe Proenço, do Ministério da Saúde, exalta a qualificação na atenção primária e a redução do tempo de espera, mas o tom de otimismo soa como eco de campanhas eleitorais passadas.
A realidade, porém, é menos glamourosa. Mato Grosso, com suas áreas remotas e populações indígenas, precisa desesperadamente de médicos, mas o programa já enfrentou críticas por falhas na execução e rotatividade de profissionais. A promessa de integrar prontuários eletrônicos e agilizar acesso à média e alta complexidade soa bonita no papel, mas o SUS segue engasgado com subfinanciamento e gestão caótica – problemas que Lula parece ignorar enquanto posa de salvador da saúde pública. Dos municípios atendidos, 75,1% são de pequeno porte, 11,1% de médio e 13,8% de grande, refletindo a aposta em áreas vulneráveis, mas sem garantias de impacto real.
Enquanto o governo celebra os 3.173 novos médicos como avanço, o brasileiro comum continua enfrentando filas e consultas adiadas. O Mais Médicos, relançado com pompa, repete a receita de 2013, mas sem resolver os gargalos estruturais. Lula e sua equipe investem em formação e especialização, como mestrado em Saúde da Família, mas o sucesso depende de logística e recursos que o governo, com sua costumeira falta de planejamento, raramente entrega. Por ora, Mato Grosso ganha 89 médicos, mas a dúvida persiste: será mais um remendo ou o SUS finalmente vai sair do papel?