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Lula Puxa o Freio no Aumento de Deputados e Deixa Congresso na Saudade.
Numa jogada que mistura populismo com um toque de ironia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em 7 de julho de 2025, que não sancionará o projeto de lei que aumentaria o número de deputados federais de 513 para 531 a partir de 2027. Com a caneta presidencial pronta para o veto, Lula parece ter ouvido o grito de 76% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha, que rejeitam a ideia de engordar ainda mais o já robusto Congresso Nacional. Mas não se engane: o governo que adora promessas grandiosas agora se fantasia de defensor da economia pública, enquanto deputados sonham com poltronas que não virão tão cedo.
O projeto de lei complementar (PLP 177/2023), idealizado pelo deputado Dani Cunha (União-RJ), buscava ajustar a representação na Câmara com base no censo de 2022, cumprindo uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) que exigia atualização até 30 de junho de 2025. Aprovado pela Câmara em maio e ratificado em 25 de junho após emendas do Senado, o texto propunha 18 novas cadeiras, beneficiando estados como Pará (+4) e Santa Catarina (+4), sem reduzir assentos de outros. O custo inicial, projetado em R$ 150 milhões anuais, caiu para R$ 10 milhões com cortes em cotas parlamentares e verbas de gabinete, mas nem isso foi suficiente para convencer Lula a assinar.
A decisão presidencial, que deve ser formalizada até 16 de julho, é um malabarismo político. Ao vetar o projeto, Lula se alinha à opinião pública e reforça o discurso de combate a privilégios – uma carta conveniente para quem enfrenta críticas por outras extravagâncias orçamentárias. No entanto, o movimento pode custar caro: o presidente da Câmara, Hugo Motta, que batalhou pelo aumento, talvez não aprecie o balde de água fria. As tensões com o Congresso, já marcadas por negociações sinuosas, prometem esquentar.
Defensores do projeto, como Jack Rocha (PT-ES), argumentavam que mais deputados trariam maior diversidade à Casa, enquanto críticos, como Tarcísio Motta (Psol-RJ), apontavam o desperdício de recursos em tempos de vacas magras. O brasileiro médio, exausto de promessas vãs, parece pouco disposto a financiar mais cadeiras em Brasília. Lula, com seu veto, capitaliza essa insatisfação, mas deixa no ar a dúvida: é responsabilidade fiscal genuína ou apenas um jogo de cena para agradar as massas?
Caso o veto se confirme, as 513 cadeiras atuais permanecem até pelo menos o censo de 2030. O Congresso pode tentar derrubar a decisão, mas isso exigiria uma maioria qualificada – um desafio improvável no atual cenário. Por enquanto, Lula posa de guardião do bolso público, enquanto deputados lamentam o sonho frustrado de um plenário mais cheio.